Quando a Aninha Carol nos desafiou desta vez,
eu achei meio maluquice, admito...
a Ana ás vezes é meio excêntrica, kkkkk,
gosta de fazer umas pegadinhas.
Mas ñ é que o desafio ficou bacana, os Los criados são intensos,
poderosos.
Observar os objetos,
pessoas e tecnologias e pensar
no que ñ teremos mais no futuro é um trabalho difícil,
reviramos nossa memória afetiva,
isso às vezes dói um pouco,
pensamos na nossa finitude e de tudo que amamos,
no mundo que vemos hoje e no que ñ veremos...
mas, nossos filhos sim...
e seus filhos e os filhos deles...
Rezamos por esta ordem natural das coisas.
Quando ela lançou este desafio eu estava numa fase
de estar perdendo um ente querido,
meu primo,
a umas semanas ele se foi,
nos deixou depois deu um grande sofrimento...
Fiz uma página pra ele, mas já publiquei aqui,
Fiz esta outra página,
uma página que fala de tudo que eu jamais verei novamente,
a foto fala tudo pra mim, resume tudo, sintetiza tudo,
Meu avô Paulino era uma criatura extraordinária,
sui generis, único !
Faleceu ano passado aos 96 anos vividos plenamente,
na foto tirada em 1980 por meu pai ( que nem tira mais fotos),
ele segura uma flor
com suas mãos rudes de marceneiro,
mãos fortes de um homem pequeno com uma grande alma.
Meu pai plantou a àrvore que dava estas flores
na frente da nossa casa da praia,
se orgulhava de esta ser a única muda desta planta que veio da Africa,
ñ sei se era verdade, mas eu acreditava que sim,
esta crença no que meu pai dizia eu tambem ñ tenho mais, rssssss.
A casa foi destruída,
era de madeira , simples,
pintada com tinta dada por um parente que
trabalhava numa fábrica de geladeiras,
pintura meio psicodélica,
por fora lilás e verde,
por dentro verde e azul,
mas eram cores de geladeira da época, anos 70,
cavalo dado ñ se olhava os dentes.
Mas a casa era nosso castelo,
chorávamos de ter que ir pra casa no fim das férias,
acenávamos e diziamos:
Adeus casa da praia!!
Até ela sumir de nossa vista...
A rua , que vcs veêm ao fundo,
era toda cheia de terrenos vazios,
com muitos pés de goiabeira,
buracos com areia de praia,
passávamos o dia todo explorando a vizinhança,
sem pressa.
uma delícia !!
A casa deu lugar a um prédio, e depois outro
e depois mais outro,
me dói o coração só de ver que
nínguém pode mais ver o horizonte,
nem um pedacinho da praia,
que tbem ñ é mais azul , nem limpa...
são tantas coisas que ñ verei mais,
mas... estão no meu coração,
tesouros que me visitam na memória,
e tenho sorte de ter tido uma infância assim,
cheia de boas lembranças,
repleta de riqueza de coisas simples, prosaicas,
mas que me são muito caras.
Este é meu Lo,
Muita transparência, pintura á mão,
camadas e camadas de material e lembranças...
Pedacinhos de pessoas, lugares e tempos
que ñ fazem mais parte do meu dia-a-dia,
somente em sonhos.
Um beijo em cada um de vcs
e um especial pra vc Aninha,
que me fez reviver estas memórias!
Ana Paula